A Aposta de Pascal
O argumento acerca dos eventuais ganhos e perdas da crença na existência ou inexistência de Deus
O argumento conhecido como “A Aposta de Pascal” não propõe provar a existência de Deus, mas demonstrar que é mais prudente e sensato viver uma vida cristã. Pois segundo este argumento, se Deus existe e você leva uma vida cristã, será salvo, haverá um benefício elevadíssimo para você (ganho infinito); e se Deus não existe e você vive os preceitos cristãos, não gozará de alguns prazeres mundanos, há pouco a se perder (perda finita). Se Deus existe e você não vive uma vida cristã, será condenado, um resultado cujo o malefício é demasiadamente grande (perda infinita); e se Deus não existe e você segue uma vida não cristã, haverá pouco ganho (ganho finito), comparado ao que obteria se Deus existisse. Portanto, a opção por viver de acordo com os preceitos cristãos é logicamente a escolha mais sensata, já que a probabilidade da existência de Deus é maior que zero. É insensato não levar uma vida cristã!
Para elucidar o entendimento destas duas possíveis opções, pode-se utilizar duas "Leis do Pensamento", são elas:
1°. Princípio da Não Contradição: se há duas preposições contraditórias, uma se faz necessariamente verdadeira e a outra necessariamente falsa.
Ou Deus existe, ou Deus não existe!
2°. Lei do Terceiro Excluso: nesta preposição, ou ela é verdadeira, ou a sua negação é a verdadeira. Não há terceira hipótese.
No “quadro da decisão” abaixo as palavras no topo de cada coluna descrevem uma possibilidade. Pelos motivos supracitados há apenas duas opções, e segundo Pascal, não podemos eliminar nenhuma delas. Cada coluna e linha possue os resultados que você terá se sua escolha for a autêntica.
Tanto na crença da existência de Deus, quanto na crença em sua não existência, é preciso possuir fé (latim “fides” — fidelidade, confiança), pois é impossível termos 100% de certeza quanto a esta questão, logo o supracitado argumento para viver de acordo com a religiosidade é extremamente lógico e prudente.
Norman L. Geisler, apologista cristão, escreveu:
“Como seres humanos limitados, não possuímos o tipo de conhecimento que vai nos dar uma prova absoluta da existência ou não de Deus. Fora do conhecimento de nossa própria existência (eu sei que existo porque preciso existir para ponderar sobre esse aspecto), lidamos no campo da probabilidade. Independentemente daquilo que concluímos sobre a existência de Deus, é sempre possível que a conclusão oposta seja verdadeira. […] Na realidade, achamos que nossas conclusões são verdadeiras ainda que passível de dúvida — dizem que esse tipo de certeza, de 95%, é o melhor que os seres humanos finitos e falíveis podem obter para a maioria das perguntas […]”
Conforme os estudos de David Foster (The philosophical scientists, 1993) e Frederick Hoyle (The natural limits to biological change, 1999), a existência de uma mente inteligente na criação e desenvolvimento do universo não apenas entra no campo da possibilidade, mas sim da probabilidade.
Portanto, em uma elucubração, a crença na existência de Deus é a atitude mais lógica e trata-se da escolha mais racional; a melhor aposta!
“Deus é ou não é. A razão nada pode determinar aí. [...] Na extremidade dessa distância infinita joga-se cara ou coroa. [...] Qual você vai escolher? [...] Vamos pesar o ganho e a perda ao apostar em Deus. [...] Se você ganha, ganha tudo; se perde, nada perde. Então, aposte sem hesitação que Ele é.” (Blaise Pascal – Pensées)
Referências:
BRUCE, Michael; BARBONE, Steven (org.). Os 100 Argumentos Mais Importantes da Filosofia Ocidental. 1. ed. atual. São Paulo: Pensamento-Cutrix Ltda., 2013. 463 p. ISBN 978-85-316-1255-8.
COFFEY, Joe. Defenda Sua Fé: Pondo por Terra as Gigantescas Questões da Apologética. 1. ed. atual. São Paulo: Vida Nova, 2012. 126 p. ISBN 978-85-275-0497-3.
GEISLER, Norman; TUREK, Frank. Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu. 2. ed. atual. São Paulo: Vida Acadêmica, 2006. 421 p. ISBN 978-85-7367-928-1.
